segunda-feira, janeiro 08, 2007

Das Bibliotecas mais contemporâneas do mundo, quer nos equipamentos, quer na filosofia de acção

A revista Business Week na sua página online tem vindo ao longo dos últimos anos a realizar uma massiva eleição das dez maravilhas do mundo moderno nas mais variadas áreas: por temas (obras de engenharia, arquitectura, estruturas e edifícios ecológicos, carros, natureza, etc.), por países, por anos, etc. Contudo constata-se que a revista dá um maior destaque a obras dos Estados Unidos.

Um dos temas escolhidos foram as Bibliotecas. As bibliotecas não foram apenas escolhidas pela arquitectura dos seus edifícios mas também por múltiplos outras aspectos (tecnologias que incorporam, sua filosofa de actuação, serviços inovadores, acesso à informação, etc).

Aceder ao artigo

As bibliotecas escolhidas foram:

  • Biblioteca Alexandrina, Egipto (consórcio Snohetta/Hamz - 2002)
  • Biblioteca Pública de Seattle, EUA (arqtº Rem Koolhaas/OMA - 2004)
  • Biblioteca de Filologia, Universidade de Freie, Berlim (Norman Fostner and Partners - 2005)
  • Biblioteca William F. Ekstrom, Louisville, EUA (arqtos Voelker/Winn - 2000)
  • Biblioteca Pública de Los Angeles – Extensão de Lake View Terrace, EUA (arqtos James Weiner & Fields Devereaux - 2003)
  • Biblioteca e Museu Pierpont Morgan, Nova Iorque, EUA (Gabinete de arquitectura Renzo Piano – 2006)
  • Biblioteca da História da Família – Igreja Mórmon, Salt Lake City, EUA (Arquitectos MHTN em associação com Pfeiffer Partners - 1985)
  • Biblioteca Pública de Ulm, Alemanha (arqtº Gottfried Böhm – 2004)
  • Mediateca de Sendai, Japão (arqtº Toyo Ito - 2000)
  • Biblioteca do Congresso, Washington , EUA (1800)

Não se entende muito bem a escolha da Biblioteca do Congresso, visto ser a sua data de abertura ser algo desfasado relativamente às outras.

Poder ser visualizada num set do Flickr mais fotos que compilei: da Biblioteca Pública de Seattle, da Biblioteca Alexandrina, da Biblioteca da Univ. de Freie, e da Mediateca de Sendai. Para poderem identificar cada uma, em caso de dúvida, observem as tags respectivas.

A propósito, post sobre Biblioteca de Filologia da Universidade de Freie, em Berlim, que publiquei há cerca de um ano "Bibliotecários sem Fronteiras"aquando da inuaguração desta biblioteca.

O artigo da Business Week é constituído por um texto principal e depois para cada biblioteca foi elaborado um texto alusivo realçando as características por que foi escolhida nesta selecção.


Traduzi parte do texto principal da autoria da jornalista americana Helen Walter:

Algumas bibliotecas são modelos de sofisticado design ecológico. Na Biblioteca de Filologia da Universidade de Freie, em Berlim, projectada por Norman Foster, 60% da sua ventilação anual tem origem natural. Por outro lado, a extensão de Lake View Terrace da Biblioteca Pública de Los Angeles é a única biblioteca nos Estados Unidos que foi galardoada com o prémio Platinum LEED (Autonomia energética e design ambiental)

De facto, muitas destas novas e renovadas bibliotecas são, o que se pode chamar, de tecnologia de ponta. A biblioteca William F. Ekstron Library em Louisville, Kentucky, incorpora um designado “Sistema Robótico de Recuperação” que consiste num guindaste que percorre as estantes encontrando o livro solicitado entre 1,2 milhões de volumes e de seguida deposita-o no balcão de empréstimos em poucos minutos.

Lugares de Encontro.
Muitas destas bibliotecas têm experimentado recordes de frequência. Um dos factores que mais concorreu para isso foi a concepção de um sentido de comunidade. A biblioteca não se resume aos livros, DVD´s, computadores. Os arquitectos e designers mais progressistas têm vindo a enfatizar o papel social da biblioteca.

A Biblioteca Pública de Seattle (edifício central) projectada por Rem Koolhaas e seu gabinete OMA é um exemplo modelar. Antes de desenharem o edifício, os arquitectos observaram com muita atenção as diversas actividades organizadas e fomentadas pelas bibliotecas. Descobriram que o acesso aos livros e aos media representava apenas 1/3 das funções da biblioteca, ao passo que quase 2/3 destas actividades reflectiam o papel social da biblioteca para os grupos de leitura, aulas de informática, encenações, debates etc.

Deste modo na Biblioteca de Seattle é enfatizado o potencial de interacção social, oferecendo espaços públicos como uma ampla sala de estar onde os visitantes, os leitores e transeuntes podem casualmente encontrar-se. Para além disso este equipamento não possui conexões a qualquer ideologia, raça ou credo induzindo a participação o mais pluralista possível.

Paralelamente foi adoptado um arrojado design nos espaços, incluindo uma inovadora espiral de livros, uma longuíssima rampa onde os livros são alinhados pela classificação de Dewey. As autoridades ainda tiveram algumas reticências relativamente ao audacioso anteprojecto da Biblioteca, mas até foram os bibliotecários que se colocaram mais na linha da frente defendendo a sua concretização.

A sociabilidade assume-se cada vez mais como uma aspecto essencial na concepção dos espaços da biblioteca. Anteriormente esta era um espaço bastante silencioso e deveras povoado de estantes, mas entretanto a biblioteca tornou-se um espaço mais activo, mais ruidoso, onde se misturam as áreas de passagem, de convívio, lazer e de leitura.

Numa era gizada pelo acesso à informação e pelas redes sociais (mais reais ou mais virtuais) as bibliotecas podem assumir maior relevância que nunca.


As fotos aqui reproduzidas são do artigo.
(esq.: Biblioteca P. Seattle / dir.: Biblioteca Univ. Freie)

Sem comentários: